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Initiatives

Minicurso Palestinidade e a antropologia palestina: Entre espaços subjuntivos e complexos afetivos

Ministrado por Leonardo Schiocchet (Universidade de Viena)

Datas: 1 a 3 de outubro
Horário: 9h-12h
Local: UERJ, Campus Maracanã, Rio de Janeiro (sala a ser confirmada)

O minicurso é organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UERJ, em parceria com o Núcleo de Estudos do Oriente Médio da UFF e com o Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ. Ele é aberto a qualquer estudante, professor e profissional interessado. Sugerimos fortemente a inscrição via este link para garantia de vaga e emissão de certificado de participação.

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Aula 1 – 01.10.2014 | Culpa Coletiva do Holocausto e Omissão do Sujeito Palestino na Áustria

Debate: Rodrigo Bulamah (UERJ)

Há um debate na Áustria sobre se os austríacos, como um grupo étnico-nacional, foram responsáveis pelo Holocausto judeu junto com os alemães e, se sim, se as gerações subsequentes de austríacos e alemães também devem carregar essa culpa. Esta fala explica como a “culpa coletiva” e outras noções conjugadas operam como um complexo emocional, amplamente inscrito no espaço subjuntivo étnico-germânico, que afetou o encontro austro-palestino. A fala é baseada em um artigo que foi escrito para uma edição especial da Public Anthropologist, sobre o genocídio em Gaza. Este artigo argumenta que, embora a dimensão legal da culpa coletiva tenha sido amplamente substituída no direito penal internacional pelo princípio da “responsabilidade individual”, suas dimensões política, psíquica e moral ainda moldam fortemente a maneira como aqueles que se identificam etnicamente como austríacos e alemães se envolvem com a Palestina e os palestinos, frequentemente levando à completa negação do sofrimento palestino. O artigo sugere que, diferentemente da responsabilidade coletiva, a culpa não é um passo necessário para expiar os crimes nazistas. Ao invés disso, culpa frequentemente impede a expiação, enquanto replica cegamente parte da estrutura nazista de violência, dessa vez contra os palestinos. Finalmente, o artigo conclui que a mobilização desse complexo emocional é um componente-chave da estratégia de realpolitik do estado de Israel, servindo como legitimação para infligir “punição coletiva” à população palestina e permanecer sem censura.

Aula 2 – 02.10.2024 | Processos de Pertencimento e Organização Social entre Migrantes Forçados Árabes: Contribuições Teórico-Metodológicas

Debate: Gisele Chagas (UFF) e Mirian Alves de Souza (UFF)

Esta primeira fala se concentrará na apresentação meu mais novo livro (ABA Publicações, 2024), que é fruto da minha tese esse de habilitação (venia docendi) em antropologia social e cultural (Universidade de Viena, 2022). Como tal, o livro tece um panorama conceitual do meu trabalho entre 2010 e 2020, que equivale à um período de 10 anos após a defesa da minha tese de doutorado (Boston University, 2010). Esta fala também contextualiza o conteúdo do livro em relação à etapa principal da minha pesquisa em campos de refugiados palestinos no Líbano (2005-2010), que foi publicado pela transcript Press em 2022. Perpassando todo o instrumental teórico que apresentarei, está a noção-chave de “espaço subjuntivo”, que continuo a desenvolver entre outros em uma sessão especial da HAU (coeditada com Marzia Balzani), que chamei de “noções de lar e processos domésticos” entre comunidades muçulmanas na diáspora.

Aula 3 – 03.10.2024 | Antropologia Palestina: Para além da Palestina?

Debatedor: Cláudio Pinheiro (UFRJ)

A antropologia feita por palestinos é hoje amplamente assumida como um segmento da antropologia sobre a Palestina e palestinos. O que existe nessa assumida inscrição e o que existe para além dela? Quais processos sociohistóricos pressionam por essa junção? Estaria a antropologia palestina de fato completamente contida pela antropologia da Palestina/de palestinos? Como ela se compara à antropologia produzida em outros contextos do Sul-global, como Índia e Brasil? Esta fala está baseada em um capítulo de um livro (editado por Claudio Costa Pinheiro e Peggy Levitt) sobre o que Pinheiro chama de “Southern Attitude” e aborda essas questões para discutir como o colonialismo e a assimetria e dependência acadêmicas podem afetar a produção de conhecimento e as trocas Sul-Sul. Essa discussão, por sua vez, aborda os caminhos, encruzilhadas e obstruções que se colocam à frente de uma “Southern Attitude”, entendida aqui como um “destino moral”, uma disposição programática, mas amplamente afetiva e corporificada em direção a um reequilíbrio das relações de poder globais em vista de um engajamento acadêmico mais sensato com o mundo.

Organização

Vinicius Kauê Ferreira (Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPCIS-UERJ)

Parceiros

South-South Exchange Programme for Research on the History of Development (SEPHIS)

Núcleo de Estudos sobre Oriente Médio, Universidade Federal Fluminense (NEOM-UFF)

Programa de Pós-Graduação em História Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS-UFRJ)